DIETAS QUE PROVOCAM O ABOMINÁVEL EFEITO SANFONA

 

Dr Daniel S F Boarim, MD, Diretor Clínico da Lapinha

 

Um dos maiores mitos do emagrecimento é que, quanto mais severa a restrição calórica, mais eficaz é a dieta. Leia com atenção esse resumo, e sua opinião certamente vai mudar completamente.

 

A “matemática” da perda de peso

 

Para ganhar um quilo, você precisa ingerir, ao longo do tempo, 7.700 kcal mais do que gasta, e para emagrecer, é só inverter a conta, comer menos e queimar mais, e quando o total da diferença chegar em 7.770 kcal, terá perdido um quilo.

Teoricamente, uma dieta hipocalórica em que se consiga uma diferença ente gasto e queima de 1.000 kcal/dia, vai pedir pouco mais de uma semana para o ponteiro da balança mostrar um quilo de perda real. E quando falamos em “perda real”, referimo-nos à queima de estoques, e não às flutuações de líquidos, que podem mascarar os resultados para mais ou para menos.

Mas para quem está desesperado para entrar novamente na roupa de alguns verões atrás, esse ritmo parece cruelmente lento. Quase todos se esquecem que os muitos quilos vieram ao longo de meses, anos, e que não é sensato esperar soluções rápidas de alguns dias.

Para encurtar o caminho, então, qual a “magia” das loucuras? Dietas de fome e muita malhação. Alguns apelam para as famosas “low carb diets” (ler artigo nessa biblioteca sobre proteína: emagrece ou inflama?).

 

O efeito “rebote”

 

“Bem-vindo” à experiência do efeito sanfona! Dietas muito restritivas podem causar um efeito rebote devido a várias adaptações fisiológicas e comportamentais que ocorrem em resposta à restrição calórica severa.

Primeiramente, a restrição calórica pode levar a alterações nos hormônios que regulam o apetite. Estudos mostram que a perda de peso induzida por dieta aumenta os níveis de grelina, um hormônio orexigênico, e diminui os níveis de leptina, um hormônio anorexigênico, resultando em aumento da fome e do apetite.[1-2] Essas alterações hormonais persistem a longo prazo, mesmo após a perda de peso inicial, contribuindo para o aumento do apetite e a recuperação do peso.[3]

 

O metabolismo entende que você está num deserto

 

O metabolismo “se defende” contra a privação exagerada da dieta, entende que você está sob privação, à mingua, num deserto, e dispara o modo “gaste menos e armazene mais” para garantir a sobrevivência.  O resultado fatal é o ganho progressivo de peso, com cada vez mais dificuldade de perder e mais ainda de manter a perda.

Além disso, a restrição calórica pode levar a uma redução no gasto energético basal, um fenômeno conhecido como adaptação metabólica. Após a perda de peso, o gasto energético em repouso é menor do que o esperado com base na nova composição corporal, o que facilita a recuperação do peso quando a ingestão calórica é aumentada.[4] E se não houver mudança visceral de comportamento, começa aqui o ciclo vicioso de comer cada vez mais para gastar cada vez menos.

 

Compulsão alimentar disparada por dieta muito hipocalórica

 

Outra variável importante é a resposta comportamental à restrição alimentar. A restrição severa pode aumentar a suscetibilidade a episódios de compulsão alimentar, entre outros transtornos alimentares, especialmente em situações que desafiam o autocontrole, como estresse ou exposição a alimentos altamente palatáveis.[5] E o que não falta são comidas viciantes, ultraprocessadas e super calóricas. Chocolate, guloseimas, salgadinhos, bebidas alcoólicas e massas acenam o tempo todo com seu quase irresistível apelo.

 

Microbiota do intestino prejudicada por dietas muito restritas caloricamente

 

A microbiota intestinal também pode desempenhar um papel crucial na recuperação do peso. Alterações na composição da microbiota intestinal durante a restrição calórica podem afetar o metabolismo e a absorção de nutrientes, contribuindo para o ganho de peso após a retomada da alimentação normocalórica ou cessação da dieta restritiva. Aqui mora uma novidade muito interessante, pois sabemos que a microbiota exerce um controle sobre o metabolismo muito maior do que imaginávamos há poucas décadas atrás. [6]

 

Enfim, qual é a receita do emagrecimento sustentável?  

 

A receita cientificamente embasada para emagrecer de modo eficaz e sustentado é bem conhecida e não mudou quase nada em décadas de pesquisa. Certamente hoje sabemos mais sobre a contribuição genética e o papel da ansiedade no comportamento alimentar humano e o poder viciante de certas comidas.  Mas, qualquer protocolo sério, invariavelmente se estriba em três pilares: (1) dieta saudável, com leve a moderada restrição calórica (você não precisa nem deve passar fome!), (2) exercícios balanceados e orientados (veja bem: os exercícios devem sincronizar atividades aeróbicas com musculação e alongamento). (3) Seguimento de longo prazo com equipe multidisciplinar para alavancagem motivacional, correções, ajustes e permitir que as mudanças sejam de fato incorporadas e virem rotina.

Enfim, voltamos ao lugar comum de que não existe fórmula mágica. A mudança de comportamento requer foco, disciplina e perseverança! O que pode fazer a diferença aqui não é  tanto o que fazemos, mas o modo como fazemos. A intensidade, a vontade e a determinação com que nos entregamos ao propósito. Meias medidas e iniciativas débeis, esporádicas ou espasmódicas nunca terão força suficiente para avançar!

 

Resumindo

 

Esses três fatores combinados: (1) Adaptação fisiológica à fome, levando o organismo a gastar menos e desejar mais comida, (2) resposta comportamental, com exacerbação de episódios compulsivos e (3) mudança da microbiota, explicam por que dietas muito restritivas frequentemente resultam em um efeito rebote, onde o peso perdido é recuperado rapidamente após o término da dieta, com ganhos ainda maiores. Por isso também, convivemos com números assustadores da pandemia de obesidade.

 

 

Referências

 

  1. Calorie-Restricted Weight Loss Reverses High-Fat Diet-Induced Ghrelin Resistance, Which Contributes to Rebound Weight Gain in a Ghrelin-Dependent Manner.Briggs DI, Lockie SH, Wu Q, et al. Endocrinology. 2013;154(2):709-17. doi:10.1210/en.2012-1421.
  2. Altered Appetite-Mediating Hormone Concentrations Precede Compensatory Overeating After Severe, Short-Term Energy Deprivation in Healthy Adults. O’Connor KL, Scisco JL, Smith TJ, et al. The Journal of Nutrition. 2016;146(2):209-17. doi:10.3945/jn.115.217976.
  1. Long-Term Persistence of Hormonal Adaptations to Weight Loss. Sumithran P, Prendergast LA, Delbridge E, et al. The New England Journal of Medicine. 2011;365(17):1597-604. doi:10.1056/NEJMoa1105816.
  2. Mechanisms of Weight Regain.Busetto L, Bettini S, Makaronidis J, et al.European Journal of Internal Medicine. 2021;93:3-7. doi:10.1016/j.ejim.2021.01.002.
  3. The Ironic Effects of Dietary Restraint in Situations That Undermine Self-Regulation.Hagerman CJ, Stock ML, Beekman JB, Yeung EW, Persky S. Eating Behaviors. 2021;43:101579. doi:10.1016/j.eatbeh.2021.101579.
  4. Gut Microbiota-Bile Acid Crosstalk Contributes to the Rebound Weight Gain After Calorie Restriction in Mice. Li M, Wang S, Li Y, et al. Nature Communications. 2022;13(1):2060. doi:10.1038/s41467-022-29589-7.

 

ENGLISH

 

DIETS THAT CAUSE THE ABOMINABLE YO-YO EFFECT

 

Dr Daniel S F Boarim, MD, Clinical Director of Lapinha

 

One of the biggest myths about weight loss is that the more severe the calorie restriction, the more effective the diet. Read this summary carefully, and your opinion will certainly change completely.

 

The “mathematics” of weight loss

 

To gain one kilo, you need to consume, over time, 7,700 kcal more than you expend, and to lose weight, just reverse the calculation, eat less and burn more, and when the total difference reaches 7,770 kcal, you will have lost one kilo.

Theoretically, a low-calorie diet in which you achieve a difference between expenditure and burning of 1,000 kcal/day, will take a little over a week for the scale to show a real loss of one kilo. And when we talk about “real weight loss,” we are referring to the burning of stocks, not to the fluctuations in fluids, which can mask the results, either more or less.

But for those who are desperate to get back into the clothes they wore a few summers ago, this pace seems cruelly slow. Almost everyone forgets that the many pounds have come on over months, years, and that it is not sensible to expect quick solutions in a few days.

So, to shorten the path, what is the magic? Starvation diets and lots of exercise. Some resort to the famous “low carb diets” (read the article in this library about protein: does it make you lose weight or cause inflammation?).

 

The “rebound” effect

 

Welcome to the yo-yo effect experience! Very restrictive diets can cause a rebound effect due to several physiological and behavioral adaptations that occur in response to severe calorie restriction.

Firstly, calorie restriction can lead to changes in the hormones that regulate appetite. Studies show that diet-induced weight loss increases levels of ghrelin, an orexigenic hormone, and decreases levels of leptin, an anorexigenic hormone, resulting in increased hunger and appetite.[1-2] These hormonal changes persist long-term, even after initial weight loss, contributing to increased appetite and weight regain.[3]

 

Your metabolism understands that you are in a desert

 

Your metabolism “defends itself” against excessive dietary deprivation, understanding that you are under deprivation, starving, in a desert, and triggers the “spend less and store more” mode to ensure survival. The fatal result is progressive weight gain, with increasing difficulty in losing and even more difficult to maintain the loss.

In addition, calorie restriction can lead to a reduction in basal energy expenditure, a phenomenon known as metabolic adaptation. After weight loss, resting energy expenditure is lower than expected based on the new body composition, which makes it easier to regain the weight when caloric intake is increased.[4] And if there is no visceral change in behavior, this is where the vicious cycle of eating more and more to burn less and less begins.

 

Binge eating triggers during periods of dieting

 

Another important variable is the behavioral response to food restriction. Severe restriction can increase susceptibility to binge eating episodes, among other eating disorders, especially in situations that challenge self-control, such as stress or exposure to highly palatable foods.[5] And there is no shortage of addictive, ultra-processed, and high-calorie foods. Chocolate, sweets, snacks, alcoholic beverages, and pasta beckon all the time with their almost irresistible appeal.

 

Gut microbiota impaired by very calorie-restricted diets

 

Finally, the gut microbiota may also play a role in weight regain. Changes in the composition of the intestinal microbiota during calorie restriction can affect metabolism and nutrient absorption, contributing to weight gain after resuming a normal diet.[6]

 

And what is the recipe for sustainable weight loss?

 

The scientifically based recipe for effective and sustained weight loss is based, in simple terms, on three pillars: (1) a healthy diet with mild to moderate calorie restriction (you don’t need to go hungry), (2) balanced and guided exercise. (3) Long-term follow-up with a multidisciplinary team so that the changes are actually incorporated and become routine. There is no magic formula. Changing behavior requires focus, discipline and perseverance!

 

In summary

 

These three factors combined: (1) physiological adaptation to hunger, leading the body to spend less and desire more food, (2) behavioral response, with exacerbation of binge eating episodes, and (3) changes in the microbiota, explain why very restrictive diets often result in a rebound effect, where the lost weight is quickly regained after the diet ends, with even greater gains.

 

 

References

 

  1. Calorie-Restricted Weight Loss Reverses High-Fat Diet-Induced Ghrelin Resistance, Which Contributes to Rebound Weight Gain in a Ghrelin-Dependent Manner.Briggs DI, Lockie SH, Wu Q, et al. Endocrinology. 2013;154(2):709-17. doi:10.1210/en.2012-1421.
  2. Altered Appetite-Mediating Hormone Concentrations Precede Compensatory Overeating After Severe, Short-Term Energy Deprivation in Healthy Adults. O’Connor KL, Scisco JL, Smith TJ, et al. The Journal of Nutrition. 2016;146(2):209-17. doi:10.3945/jn.115.217976.
  1. Long-Term Persistence of Hormonal Adaptations to Weight Loss. Sumithran P, Prendergast LA, Delbridge E, et al. The New England Journal of Medicine. 2011;365(17):1597-604. doi:10.1056/NEJMoa1105816.
  2. Mechanisms of Weight Regain.Busetto L, Bettini S, Makaronidis J, et al.European Journal of Internal Medicine. 2021;93:3-7. doi:10.1016/j.ejim.2021.01.002.
  3. The Ironic Effects of Dietary Restraint in Situations That Undermine Self-Regulation.Hagerman CJ, Stock ML, Beekman JB, Yeung EW, Persky S. Eating Behaviors. 2021;43:101579. doi:10.1016/j.eatbeh.2021.101579.
  4. Gut Microbiota-Bile Acid Crosstalk Contributes to the Rebound Weight Gain After Calorie Restriction in Mice. Li M, Wang S, Li Y, et al. Nature Communications. 2022;13(1):2060. doi:10.1038/s41467-022-29589-7.

 

 

A “MEDICINA FAST HEALTHY”

 

Dra Jacy M. Alves, Médica da Lapinha, especialista em Endocrinologia e Metabologia

A Medicina não é uma ciência exata – isso todos sabem. As verdades podem ser transitórias. Mas vemos cada vez mais pessoas, principalmente as mais abastadas, procurando uma “Medicina Fast Healthy”, onde no anseio de terem vitalidade, função sexual compatível com atores de filmes adultos, a juventude eterna, o não sofrimento a qualquer custo, engolem diariamente pílulas “mágicas” ou compostos injetáveis (muitas vezes pagam uma verdadeira fortuna por isso) que prometem ser a cura para a sua insatisfação com a vida e seus propósitos. Existe certo ou errado? Sinceramente acredito que cada pessoa escolhe seus caminhos e tem autonomia, portanto, talvez essa dicotomia entre certo ou errado não seja a maneira mais correta de expressão, sendo que existem apenas escolhas diferentes, mas uma vez definindo o rumo é preciso aceitar as possíveis consequências.

 

A busca eterna do ser humano pela longevidade é justa?

Claro, afinal a grande maioria das pessoas não pensa muito sobre a finitude da vida, apesar de todos saberem da sua existência. Durante a era renascentista essa busca se limitava ao desejo de forma milagrosas de rejuvenescimento, como o banho na fonte da juventude. Houve uma guinada científica em 1889 com a publicação das auto-experiências de Brown-Séquart com extrato de testículos de animais, o que aparentemente melhorou sua vitalidade, força física e cognição. Este extrato, comercializado como o “Elixir da Vida”, foi vendido por décadas na Europa e América do Norte. No entanto, a replicação dos experimentos de Brown-Séquart demonstrou que tal extrato apresentava apenas concentrações homeopáticas de testosterona, insuficientes para exercer qualquer efeito biológico. Assim, o nascimento da Andrologia começou com um efeito placebo. Nas últimas décadas, a busca por compostos que possam a levar ao rejuvenescimento ganhou força, com a testosterona em primeiro plano. O diagnóstico de hipogonadismo masculino requer a presença de sintomas clínicos como libido baixa, disfunção erétil e fadiga, além da dosagem de testosterona realizada no mínimo em duas ocasiões no período da manhã, na ausência de doenças agudas ou graves. Embora as diretrizes de prática clínica das principais Sociedades Médicas do mundo defendam o tratamento com testosterona em homens com hipogonadismo orgânico, a testosterona continua a ser comercializada com uma droga maravilhosa com efeitos rejuvenescedores na função sexual, vitalidade e uma séries de outros supostos benefícios, não comprovados. Além disso, a epidemia crescente de obesidade, diabetes tipo 2, síndrome metabólica, condições que sabidamente podem associadas a menores níveis de testosterona, trouxe mais uma vez esse hormônio para o palco de discussões e centro de atenção. Embora o número de prescrições de testosterona tenha aumentado de forma avassaladora nas últimas duas décadas, estudos clínicos randomizados cuidadosamente conduzidos sugerem benefícios apenas modestos com o tratamento e em casos de hipogonadismo funcional, como muitas vezes ocorre na obesidade, diabetes tipo 2, essa alteração pode ser revertida tratando as doenças de base e com a mudança de estilo de vida, sem necessidade da reposição de testosterona, numa boa parte dos casos. Em relação à prescrição da testosterona, quando necessária, nos casos de hipogonadismo orgânico, permanecem as preocupações com a segurança, principalmente em homens idosos.

 

Nas mulheres, o abuso do uso de testosterona é ainda mais preocupante…

A situação onde esse hormônio poderia ser indicado seria o Transtorno do Interesse/Excitação Sexual Feminino. E vemos hoje a prescrição desse hormônio sem critérios e muitas vezes sem nenhuma indicação, para fins puramente estéticos, para aumentar a libido ou como uma “nova” forma de terapia hormonal da menopausa, em que muitas vezes não há sequer o uso adequado do estrogênio e progesterona (progesterona para mulheres que possuem útero, pois nas mulheres submetidas à histerectomia o uso de estrogênio não precisa ser acompanhado pelo uso de progesterona). A sexualidade feminina é complexa e não somente relacionada a hormônios como a testosterona. Fatores psicossociais como cultura, crenças religiosas, autoestima, depressão, traumas sexuais como abuso, tipo de relacionamento afetivo, estilo de vida, estresse, doenças e o uso de medicamentos influenciam a sexualidade feminina. O diagnóstico de perda do interesse nas relações sexuais e/ou falta de excitação se baseia na Classificação do DSM 5 e requer critérios bem específicos e precisam estar presentes no mínimo por 6 meses e devem causar angústia à paciente. O diagnóstico desta síndrome, o Transtorno do Interesse/ Excitação Sexual Femininoé realizado com base em critérios exclusivamente clínicos. A dosagem de testosterona não está indicada para o diagnóstico do Transtorno do Interesse/ Excitação Sexual Feminino, nem para avaliação de baixa função ovariana ou adrenal porque o método de dosagem utilizado mundialmente só permite discriminar o excesso de produção de testosterona, como para o diagnóstico de tumores e/ou outras doenças que levam a acne, hirsutismo e virilização. Testosterona total e sobretudo livre só devem ser dosadas na avaliação de hiperandrogenismo. Vale lembrar que no Brasil não existe testosterona para mulher que seja aprovada por órgãos de vigilância sanitária (ANVISA). Mundialmente, não é recomendado o uso de formulações masculinas para mulheres. O uso de Testosterona por mulheres, sem indicação e com medicamentos inadequados, pode levar a efeitos a curto e a longo prazo, dose-dependentes como acne, excesso de pelos, queda de cabelo, aumento do risco cardiovascular, engrossamento da voz, aumento do clitóris, além de dependência psicológica como depressão após a retirada, transtorno da imagem corporal (dismorfofobia, vigorexia) e transtornos alimentares (ortorexia). Essa é a informação que temos até hoje, com maior robustez de evidências, mas claro, cada um continua tendo o livre arbítrio para escolher os seus caminhos.

 

Em homens, a testosterona também não deve ser usada para libido baixa e depressão sem o diagnóstico de hipogonadismo.

O uso de testosterona para ganho de massa muscular é considerado doping em atletas profissionais e ilegal em amadores. Pode levar a efeitos adversos graves e irreversíveis como: aumento do coração e morte súbita, infertilidade, ginecomastia, problemas de fígado, policitemia e risco aumentado de trombose, edema, retenção urinária para pessoas com hipertrofia prostática, distúrbio do sono, supressão transitória ou definitiva da função testicular com parada da produção de testosterona endógena e necessidade de reposição de testosterona em longo prazo.

Você quer ter uma vida com maior bem-estar, sem limitações e mais saudável? O básico segue funcionando: alimentar-se de maneira saudável, praticar exercício físico regularmente, prezar pelo sono de qualidade, gerenciar o estresse, manter relacionamentos/conexões sociais saudáveis, não fumar e consumir bebida alcoólica com moderação, além de praticar a espiritualidade, de alguma forma, fazendo o bem.

 

ENGLISH

 

“FAST HEALTHY MEDICINE”

 

Dr. Jacy M. Alves, Lapinha, specialist in Endocrinology

 

Medicine is not an exact science – everyone knows that. Truths can be temporary. But we see more and more people, especially the wealthiest, looking for a “Fast Healthy Medicine”, where in the desire to have vitality, sexual function compatible with adult film actors, eternal youth, and not to suffer at any cost, they swallow “magic” pills or injectable compounds every day (often paying a fortune for this) that promise to be the cure for their dissatisfaction with life and their goals. Is there right or wrong? I sincerely believe that each person chooses their own path and has autonomy, therefore, perhaps this dichotomy between right and wrong is not the most correct way of expressing it, since there are only different choices, but once the path is defined, it is necessary to accept the possible consequences.

 

Is the eternal search of human beings for longevity fair?

 

Of course, after all, the vast majority of people do not think much about the finiteness of life, despite everyone knowing about its existence. During the Renaissance era, this search was limited to the desire for miraculous forms of rejuvenation, such as bathing in the fountain of youth. There was a scientific shift in 1889 with the publication of Brown-Séquart’s self-experiments with animal testicle extract, which apparently improved his vitality, physical strength and cognition. This extract, marketed as the “Elixir of Life”, was sold for decades in Europe and North America. However, replication of Brown-Séquart’s experiments demonstrated that this extract only presented homeopathic concentrations of testosterone, insufficient to exert any biological effect. Thus, the birth of Andrology began with a placebo effect. In recent decades, the search for compounds that could lead to rejuvenation has gained momentum, with testosterone at the forefront. The diagnosis of male hypogonadism requires the presence of clinical symptoms such as low libido, erectile dysfunction and fatigue, in addition to testosterone levels measured at least twice in the morning, in the absence of acute or serious illnesses. Although clinical practice guidelines from the world’s leading medical societies advocate testosterone treatment in men with organic hypogonadism, testosterone continues to be marketed as a wonder drug with rejuvenating effects on sexual function, vitality and a host of other unproven supposed benefits. In addition, the growing epidemic of obesity, type 2 diabetes and metabolic syndrome, conditions that are known to be associated with low testosterone levels, has once again brought this hormone into the spotlight and into the spotlight. Although the number of testosterone prescriptions has increased dramatically over the past two decades, carefully conducted randomized clinical trials suggest only modest benefits from treatment, and in cases of functional hypogonadism, as often occurs in obesity and type 2 diabetes, this change can be reversed by treating the underlying diseases and changing lifestyle, without the need for testosterone replacement in most cases. Regarding the prescription of testosterone, when necessary, in cases of organic hypogonadism, concerns about safety remain, especially in elderly men.

 

In women, the abuse of testosterone is even more worrying…

 

The situation where this hormone could be indicated would be Female Sexual Interest/Arousal Disorder. And today we see the prescription of this hormone without criteria and often without any indication, for purely aesthetic purposes, to increase libido or as a “new” form of hormone therapy for menopause, in which there is often not even adequate use of estrogen and progesterone (progesterone for women who have a uterus, since in women who have undergone hysterectomy the use of estrogen does not need to be accompanied by the use of progesterone). Female sexuality is complex and not only related to hormones like testosterone. Psychosocial factors such as culture, religious beliefs, self-esteem, depression, sexual traumas like abuse, type of emotional relationship, lifestyle, stress, diseases and the use of medications influence female sexuality. The diagnosis of loss of interest in sexual relations and/or lack of arousal is based on the DSM 5 classification and requires very specific criteria that must be present for at least 6 months and must cause distress to the patient. The diagnosis of this syndrome, Female Sexual Interest/Arousal Disorder, is made based exclusively on clinical criteria. Testosterone levels are not indicated for the diagnosis of Female Sexual Interest/Arousal Disorder, nor for the evaluation of low ovarian or adrenal function because the measurement method used worldwide only allows the discrimination of excess testosterone production, as for the diagnosis of tumors and/or other diseases that lead to acne, hirsutism and virilization. Total and especially free testosterone should only be measured in the evaluation of hyperandrogenism. It is worth remembering that in Brazil there is no testosterone for women that is approved by health surveillance agencies (ANVISA). Worldwide, the use of male formulations for women is not recommended. The use of testosterone by women, without indication and with inappropriate medications, can lead to short- and long-term, dose-dependent effects such as acne, excess hair, hair loss, increased cardiovascular risk, deepening of the voice, enlargement of the clitoris, as well as psychological dependence such as depression after withdrawal, body image disorder (dysmorphophobia, vigorexia) and eating disorders (orthorexia). This is the information we have to date, with greater robustness of evidence, but of course, each person continues to have free will to choose their own path.

 

In men, testosterone should also not be used for low libido and depression without a diagnosis of hypogonadism.

 

The use of testosterone to gain muscle mass is considered doping in professional athletes and illegal in amateurs. It can lead to serious and irreversible adverse effects such as: heart enlargement and sudden death, infertility, gynecomastia, liver problems, polycythemia and increased risk of thrombosis, edema, urinary retention for people with prostatic hypertrophy, sleep disorders, temporary or permanent suppression of testicular function with cessation of endogenous testosterone production and the need for long-term testosterone replacement.

Do you want to have a life with greater well-being, without limitations and healthier? The basics still work: eat healthily, exercise regularly, value quality sleep, manage stress, maintain healthy relationships/social connections, do not smoke and consume alcohol in moderation, in addition to practicing spirituality, in some way, doing good.

 

SÓ PARA QUEM QUER VIVER MAIS E MELHOR

 

Marcielle Pereira, Nutricionista da Lapinha e Dr Daniel S. F. Boarim, Diretor Médico da Lapinha

Juntamos aqui, em poucas páginas, dicas das melhores sociedades médicas internacionais para uma vida mais longa e saudável. Também muito do que dizemos aqui, sobre os três níveis de autocuidado, vem do saber Lapinha, acumulado ao longo de mais de meio século. Saboreie, internalize e aplique!

 

CUIDADO DA ALIMENTAÇÃO

– Procure incluir boa variedade de alimentos na sua rotina. Ter sempre cinco cores diferentes no prato garante melhor nutrição e deixa a alimentação menos monótona.

– Cuide com os excessos, não tenha mais do que duas refeições ‘livres’ durante a semana.

-Os okinawenses (Japão) têm o costume dizer Hara hachi bu me (腹八分目/はらはちぶんめ), antes das refeições, um ensino confucionista que os lembra de não comer mais que 80%. Na prática, significa sempre sair da mesa com “um pouco de fome”, mas não faminto. Para mais detalhes leia nossa interessante matéria sobre as blue zones: https://bibliotecadeconhecimento.lapinha.com.br/segredos-dos-povos-mais-longevos-do-mundo/

– Coma devagar e mastigue muito bem cada bocado. Leve pelo menos 20 a 30 minutos para fazer as refeições irá garantir mais saciedade e menos desconforto digestivo.

– Mantenha uma boa hidratação: o ideal é fazer um cálculo de 30 a 35 ml x o peso corporal, e distribuir essa ingestão ao longo do dia, tomando menos líquido à noite. Quando o clima é quente e seco, a ingesta de água merece ainda mais atenção.

– Faça um planejamento das refeições: organize o menu da semana, a lista de compras e até elabore algumas preparações saudáveis e de rápido preparo para manter no freezer.  Isso irá facilitar sua rotina, diminuindo as chances de ‘sair do planejado’.

– Evite dietas muito restritas, exageradamente hipocalóricas! Procure fazer um acompanhamento nutricional sério para garantir o equilíbrio das suas refeições. Comer muito pouco por muito tempo, além de desnutrir, pode despertar o monstro da compulsão, tendo o efeito exatamente oposto – leva ao reganho de peso e maior engorda. Por isso, siga a orientação de uma nutricionista de orientação sensata. A Lapinha oferece um serviço de qualidade nessa área.

– A proteína é essencial à manutenção da massa muscular e equilíbrio nutricional. Porém, é crítico esclarecer que há muitas dietas da moda “para emagrecer” à base de proteínas, também chamadas “low carb”. Cuidado com essas dietas, que, embora levem a alguma perda de peso, são altamente pró-inflamatórias, estragando a microbiota do intestino e mostrando-se totalmente inadequadas! Não há base científica para recomendar tais dietas com elevados teores de proteína, muito acima do recomendado e necessário.  O equilíbrio é a chave da saúde. Para mais detalhes leia https://bibliotecadeconhecimento.lapinha.com.br/dieta-da-proteina-ajuda-a-emagrecer-ou-a-inflamar/

– Escolha “carboidratos do bem” para consumir no seu dia-a-dia: raízes como batata-doce, aipim, inhame, cereais integrais como aveia, arroz integral, quinoa, frutas e legumes – estas são as melhores fontes de carboidrato, proporcionando saciedade, energia e sensação de bem-estar. Consumir carboidratos refinados como guloseimas, refrigerantes e farinhas brancas fará com que aflore o desejo por açúcar e doces, roubando sua disposição e levando a ganho de peso.

– Se apesar da rotina saudável você comete um deslize ocasional, isso não significa que você ‘colocou tudo a perder’. Siga em frente com as melhores escolhas, na próxima refeição ou no dia seguinte.

– Suplementos podem ser úteis quando há deficiências e necessidades detectáveis, clínica e/ou laboratorialmente. Porém, há hoje uma tendência, pautada às vezes por modismo e mercenarismo, de prescrever suplementos demais, o que está longe do saudável. Infelizmente, essas práticas nada recomendáveis se ocultam às vezes sob as propostas da “medicina do estilo de vida”, “medicina integrativa” e até “nutrologia”, na verdade boas em sua essência.

 

CUIDADO DO CORPO

– Equilibre exercícios aeróbicos, musculação e alongamento. Assim como na dieta é necessário balanceamento, um exercício desequilibrado pode favorecer a ocorrência de lesões e não garante o melhor resultado.

– Busque sempre orientação e liberação médica para as atividades físicas, especialmente se você tem alguma condição patológica de fundo cardio-respiratório, metabólico ou ortopédico.

– Procure também uma orientação de um professor de educação física, e caso haja alguma limitação ortopédica, inclua um fisioterapeuta entre seus orientadores.

– Em geral se recomendam 30 minutos de exercícios planejados e orientados 5x por semana, e para emagrecer uma hora 5x por semana. Mas, veja bem, se você ainda não conseguiu atingir essa meta cientificamente estabelecida, saiba que sair do sedentarismo e começar com 2, 3 ou 4x por semana, desde que você tenha conte com boa orientação, já é um bom começo! Procure evoluir, avançar!

– Cuide do seu sono, mantenha uma rotina mais tranquila no final do dia e procure jantar algo leve, preferencialmente três horas antes de dormir. Isso garantirá um sono mais tranquilo e restaurador.

– O sono, aliás, é o mais importante regulador do biorritmo e participa da homeostase do corpo e da mente. Sono ruim aumenta o risco de doenças cardiovasculares, diabetes e até obesidade!

– Não postergue seu check up médico! Siga a periodicidade recomendada por seu médico e não negligencie os exames preventivos, como mamografia, US mamário, exames de próstata, screening laboratorial, etc.

– Preste atenção na saúde da sua coluna vertebral! Sente-se e caminhe ereto, corrija sua postura.

– Manter o peso saudável, com boa composição corporal (massa magra x massa gorda) é, por unanimidade, essencial à qualidade de vida. Emagrecer requer, todo mundo sabe, atenção plena ao binômio alimentação-exercícios. Mas há um terceiro fator, sem o qual não se consegue sustentar qualquer avanço ou conquista: estamos falando de estratégias comportamentais, que implicam uma virada pra valer na “chavinha mental”. Conheça nosso programa “Emagreça e continue magro”, baseado no consagrado protocolo do Intensive Lifestyle Intervention. Idealmente, entre contato conosco semanas ou meses antes de vir, para já ir se preparando! O resultado é bem melhor assim, e vai requerer também acompanhamento de longo prazo!

– A abstinência de vícios, drogas ilícitas, álcool e fumo, é reconhecidamente condição para desfrutar boa qualidade de vida. Embora a Lapinha NÃO trate dependências químicas como drogadição nem alcoolismo, tratamos sim o tabagismo, DESDE que não haja outras dependências sobrepostas. Importante entrar em contato conosco pelo menos um mês antes, para fazer uma consulta com o médico responsável pelo programa e começar o tratamento antes de vir – esse é o protocolo baseado no melhor resultado! Entender, nesses casos, que você precisa de ajuda, é o primeiro passo rumo à superação!

– O jejum intermitente é uma prática saudável para o corpo e a mente, desde que adotado de forma sensata. Cuidado! As mídias vêm vandalizando esse assunto. Para informações sérias, com embasamento científico leia: https://bibliotecadeconhecimento.lapinha.com.br/jejum-intermitente-beneficios-e-insanidades/

 

CUIDADO DA MENTE

– Vivemos o tempo todo sob intenso bombardeio de estressores. A prevalência atual de transtornos emocionais e mentais é algo sem precedentes na história médica. Pecamos por dedicar pouco tempo à saúde, ao descanso mental e ao equilíbrio espiritual. Aliás, a maioria de nós só se preocupa com saúde quando cai doente! Aqui mora uma das principais causas de sofrimento tanto do corpo como da mente, que funcionam como uma unidade inseparável!

– O que pode nos ajudar a lidar com tantos estressores e alcançar equilíbrio emocional? Tudo o que listamos anteriormente, dentro do cuidado da alimentação e do corpo, são meios de fortalecer a unidade corpo-mente, nossa resistência e resiliência. Exercícios, alimentação saudável, e práticas de gestão do estresse merecem o primeiro lugar na nossa agenda. Lembre-se do óbvio negligenciado: Sem saúde, sem os cuidados que a saúde pede, nossa produtividade e alegria de viver caem drasticamente. Não compensa colocar tudo isso em segundo ou terceiro plano!

– Respirar fisiologicamente, separando pelo menos dois momentos no dia para praticar exercícios respiratórios, é uma das dicas mais simples e eficazes para enfrentamento do estresse! A respiração correta é essencial à boa oxigenação e nutrição do corpo e da mente. Ajuda a conter a ansiedade, mantendo-nos mais calmos, além de promover boa digestão e homeostase metabólica.

– Vale reforçar aqui o papel de destaque do sono na manutenção e recuperação da saúde integral! A maioria das pessoas dorme mal por questões perfeitamente corrigíveis. A higiene do sono é, nesse caso, um dos primeiros passos para as pazes com a saúde. A Lapinha oferece um programa muito bem desenhado, denominado “BEM DORMIR LAPINHA”. Entre em contato conosco pelo menos um mês antes de vir, para você receber orientações e, ao ingressar no programa, ser atendido por nossa médica especialista em medicina do sono e já começar o tratamento. Fazendo assim, os resultados são bem melhores. É um tratamento de longo prazo!

– Religiosidade e fé no Ser Superior, funcionam comprovadamente como poderosas blindagens anti-estresse. Pesquisas revelam que pessoas religiosas vivem mais e melhor.

– Práticas regulares de gestão do estresse, além da respiração, como massoterapia e acupuntura, podem fazer a diferença.

– Não hesite – e isso é muitas vezes indispensável – em procurar ajuda de um psicoterapeuta e de um psiquiatra, profissionais da saúde mental.

 

ENGLISH

 

ONLY FOR THOSE WHO WANT TO LIVE LONGER AND BETTER

 

Marcielle Pereira, Nutritionist at Lapinha and Dr. Daniel S. F. Boarim, Medical Director at Lapinha

 

Here, in just a few pages, we have gathered tips from the best international medical societies for a longer and healthier life. Much of what we say here about the three levels of self-care also comes from Lapinha’s knowledge, accumulated over more than half a century. Savor it, internalize it and apply it!

 

FOOD CARE

– Try to include a good variety of foods in your routine. Always having five different colors on your plate ensures better nutrition and makes your diet less monotonous.

– Be careful not to overindulge, don’t have more than two ‘free’ meals during the week.

-Okinawa residents (Japan) have the custom of saying Hara hachi bu me (腹八分目/はらはちぶんめ) before meals, a Confucian teaching that reminds them not to eat more than 80%. In practice, this means always leaving the table feeling “a little hungry”, but not famished. For more details, read our interesting article on blue zones: https://bibliotecadeconhecimento.lapinha.com.br/segredos-dos-povos-mais-longevos-do-mundo/

– Eat slowly and chew each mouthful very well. Taking at least 20 to 30 minutes to eat your meals will ensure greater satiety and less digestive discomfort.

– Stay well hydrated: the ideal is to calculate 30 to 35 ml x body weight, and distribute this intake throughout the day, drinking less liquid at night. When the weather is hot and dry, water intake deserves even more attention.

– Plan your meals: organize the menu for the week, the shopping list and even prepare some healthy and quick-to-prepare meals to keep in the freezer. This will make your routine easier, reducing the chances of ‘going off plan’.

– Avoid very restrictive, excessively low-calorie diets! Try to get serious nutritional monitoring to ensure that your meals are balanced. Eating too little for too long, in addition to causing malnutrition, can awaken the binge-eating monster, having exactly the opposite effect – it leads to weight regain and greater fat gain. Therefore, follow the advice of a sensible nutritionist. Lapinha offers a quality service in this area.

– Protein is essential for maintaining muscle mass and nutritional balance. However, it is important to clarify that there are many fad “weight loss” diets based on proteins, also called “low carb”. Be careful with these diets, which, although they lead to some weight loss, are highly pro-inflammatory, damaging the intestinal microbiota and proving to be totally inadequate! There is no scientific basis for recommending such diets with high protein levels, far above what is recommended and necessary. Balance is the key to health. For more details, read https://bibliotecadeconhecimento.lapinha.com.br/dieta-da-proteina-ajuda-a-emagrecer-ou-a-inflamar/

– Choose “good carbohydrates” to consume in your daily life: roots such as sweet potatoes, cassava, yams, whole grains such as oats, brown rice, quinoa, fruits and vegetables – these are the best sources of carbohydrates, providing satiety, energy and a feeling of well-being. Consuming refined carbohydrates such as sweets, soft drinks and white flour will cause you to crave sugar and sweets, robbing you of energy and leading to weight gain.

– If, despite a healthy routine, you make an occasional slip-up, this does not mean that you have ‘blown everything away’. Move on with the best choices, at your next meal or the following day.

– Supplements can be useful when there are deficiencies and needs that can be detected clinically and/or in the laboratory. However, there is a tendency today, sometimes driven by fads and merchandising, to prescribe too many supplements, which is far from healthy. Unfortunately, these not very recommendable practices are sometimes hidden under the proposals of “lifestyle medicine”, “integrative medicine” and even “nutriology”, which are actually good in their essence.

 

BODY CARE

– Balance aerobic exercises, weight training and stretching. Just as with diet, balance is necessary, unbalanced exercise can lead to injuries and does not guarantee the best results.

– Always seek medical guidance and approval for physical activities, especially if you have any underlying cardio-respiratory, metabolic or orthopedic conditions.

– Also seek guidance from a physical education teacher, and if you have any orthopedic limitations, include a physiotherapist among your advisors.

– In general, 30 minutes of planned and guided exercises are recommended 5 times a week, and for weight loss, one hour is recommended 5 times a week. But, remember, if you have not yet managed to reach this scientifically established goal, know that leaving a sedentary lifestyle and starting with 2, 3 or 4 times a week, as long as you have good guidance, is already a good start! Try to evolve, move forward!

– Take care of your sleep, maintain a calmer routine at the end of the day and try to have a light dinner, preferably three hours before going to bed. This will ensure a more restful and restorative sleep.

– Sleep, in fact, is the most important regulator of biorhythms and participates in the homeostasis of the body and mind. Poor sleep increases the risk of cardiovascular diseases, diabetes and even obesity!

– Don’t postpone your medical check-up! Follow the frequency recommended by your doctor and do not neglect preventive exams, such as mammograms, breast ultrasounds, prostate exams, laboratory screenings, etc.

– Pay attention to the health of your spine! Sit and walk upright, correct your posture.

– Maintaining a healthy weight, with good body composition (lean mass x fat mass) is, unanimously, essential to quality of life. Losing weight requires, as everyone knows, full attention to the diet-exercise binomial. But there is a third factor, without which no progress or achievement can be sustained: we are talking about behavioral strategies, which imply a real change in the “mental switch”. Learn about our “Lose weight and stay thin” program, based on the renowned Intensive Lifestyle Intervention protocol. Ideally, contact us weeks or months before coming, so that you can start preparing yourself! The results are much better this way, and it will also require long-term monitoring!

– Abstinence from addictions, illicit drugs, alcohol and tobacco, is a recognized condition for enjoying a good quality of life. Although Lapinha does NOT treat chemical dependencies such as drug addiction or alcoholism, we do treat smoking, AS LONG AS there are no other overlapping dependencies. It is important to contact us at least a month in advance, to make an appointment with the doctor responsible for the program and begin treatment before coming – this is the protocol based on the best results! Understanding, in these cases, that you need help is the first step towards overcoming!

– Intermittent fasting is a healthy practice for the body and mind, as long as it is adopted sensibly. Be careful! The media has been vandalizing this subject. For serious information, with scientific basis, read: https://bibliotecadeconhecimento.lapinha.com.br/jejum-intermitente-beneficios-e-insanidades/

 

MENTAL CARE

 

– We live under an intense bombardment of stressors all the time. The current prevalence of emotional and mental disorders is unprecedented in medical history. We are guilty of dedicating little time to our health, mental rest and spiritual balance. In fact, most of us only worry about our health when we get sick! This is one of the main causes of suffering in both the body and the mind, which function as an inseparable unit!

– What can help us deal with so many stressors and achieve emotional balance? Everything we listed above, within the scope of food and body care, are ways to strengthen the body-mind unity, our resistance and resilience. Exercise, healthy eating and stress management practices deserve to be at the top of our agenda. Remember the obvious: Without health, without the care that health requires, our productivity and joy of life drop drastically. It is not worth putting all of this on the back burner!

– Breathing physiologically, setting aside at least two moments a day to practice breathing exercises, is one of the simplest and most effective tips for dealing with stress! Proper breathing is essential for good oxygenation and nutrition of the body and mind. It helps to control anxiety, keeping us calmer, in addition to promoting good digestion and metabolic homeostasis.

– It is worth emphasizing here the important role of sleep in maintaining and recovering overall health! Most people sleep poorly for perfectly correctable reasons. Sleep hygiene is, in this case, one of the first steps towards peace with your health. Lapinha offers a very well-designed program, called “BEM SORMIR LAPINHA”. Contact us at least one month before coming, so that you can receive guidance and, upon joining the program, be seen by our doctor specializing in sleep medicine and start treatment right away. Doing so, the results are much better. It is a long-term treatment!

– Religiosity and faith in the Higher Being have proven to work as powerful anti-stress shields. Research shows that religious people live longer and better.

– Regular stress management practices, in addition to breathing, such as massage therapy and acupuncture, can make a difference.

– Do not hesitate – and this is often essential – to seek help from a psychotherapist and a psychiatrist, mental health professionals.

ALZHEIMER, PARKINSON, ENXAQUECA E SUA CONEXÃO COM O INTESTINO

Daniel S F Boarim, MD, Diretor clínico da Lapinha Clínica e Spa, Brasil

Acumulam-se evidências cada vez mais robustas de que a microbiota de nosso corpo, particularmente a microbiota intestinal, participa dinamicamente na regulação de processos fisiológicos, no metabolismo e na imunidade. E sua desregulação interfere consideravelmente na fisiopatologia de muitas entidades, destacando-se males neuro inflamatórios como Alzheimer e Parkinson.

 

A INFLAMAÇÃO CRÔNICA DE BAIXO GRAU

Quando adoecemos, o envolvimento da microbiota na fisiopatologia de diferentes enfermidades vem merecendo cada vez mais atenção (Fan Y, Pedersen O. 2021; Adak  A,   Khan MR, 2019; Vemuri, 2018). Há, porém, um lugar comum na base da cadeia de eventos crônico-degenerativos, que é a inflamação crônica de baixo grau (Tilg H et al, 2020). Isso na prática significa que certas bactérias e seus subprodutos metabólicos, ou endotoxinas, estão atravessando uma barreira intestinal fragilizada pela disbiose e gerando um estresse imunológico crônico, que se traduz por inflamação. Os estudiosos vêm denominando esse processo como síndrome do intestino permeável ou leaky gut. Fatores como estresse, alimentação pouco saudável, consumo excessivo de álcool, antibióticos e drogas podem comprometer a composição da microbiota intestinal e a homeostase da função de barreira intestinal do intestino, levando ao aumento da permeabilidade intestinal (Aleman R S el al 2023; Katayoun Khoshbin, 2020).

A assim chamada disbiose ou disrupção no equilíbrio da microbiota intestinal, patrocina uma cadeia de eventos pró-inflamatórios, silenciosos mas duradouros, a partir do intestino, com desdobramentos que alcançam o sistema nervoso.

 

GUT BRAIN AXIS (EIXO INTESTINO CÉREBRO)

A comunicação bidirecional entre o sistema nervoso central e o sistema nervoso entérico é de algum modo mediada por diversos microrganismos da microbiota e pelos sistemas neuroimune e neuroendócrino. E parece cada vez mais claro o papel da dieta, dos prebióticos, probióticos e pós bióticos, somados a outros aspectos do estilo de vida, como exercícios físicos, na remodelação do microbioma e redução da severidade dos sintomas nas doenças neurodegenerativas (Xiaoyan Liu at al, 2024).

Embora saibamos que há ainda muitos elos perdidos nessa cadeia de eventos, a tecnologia de sequenciamento de alta performance vem ajudando a desvendar essa interação metagenômica. Biomarcadores que podem ser associados a patógenos ajudam não apenas a esclarecer a fisiopatologia, mas a elucidar potenciais alvos terapêuticos (Xiaoyan Liu at al, 2024).

A existência de conexão funcional entre o intestino e o cérebro – o gut brain axis – parece clara, porém ainda pouco compreendida, remanescendo incertezas a respeito dos mecanismos de ação, que se revelam cada vez mais interdependentes e complexos (Tran N et al, 2019).

 

PARKINSON E ALZHEIMER

A base inflamatória ao lado do estresse oxidativo são geralmente aceitos como componentes da equação etiológica de fundo para males neurodegenativos como a doença de Parkinson (Vascellari et al, 2020).

O Aklzheimer também vem sendo associado à ação remota da microbiota alterada, e da mucosa intestinal inflamada, que respectivamente são capazes de liberar e translocar quantidades potencialmente nocivas de bactérias, lipopolissacárides e substância beta-amilóide.

As sinucleinopatias, ou superexpressão de alfa sinucleína, resultam em disfunção motora que se verifica no parkinsonismo (Kesika P  et al, 2021;  Nielsen S D et al., 2021). Quando se administram oralmente metabólitos microbianos específicos a camundongos livres de germes, promove-se neuroinflamação e sintomas motores, sugerindo-se fortemente a existência de uma via de sinalização entre o intestino e o cérebro capaz de modular a doença.

A propósito, outras neuropatologias  além do Parkinson, como o próprio Alzheimer  e e a doença de Creutzfeldt-Jakob, que afetam milhões de pessoas em todo o mundo, vem sendo cada vez mais associadas à presença de deposições de amiloide-β, alfa sinucleína e proteína príon (Trichka J,  Zou W Q, 2021; González-Sanmiguel J et al, 2020).

 

ENXAQUECA (migrânea)

A migrânea também vem sendo citada em estudos do eixo intestino-cérebro, verificando-se que dietas de efeito benéfico sobre a microbiota parecem cursar com melhora do quadro. Tem sido verificado que a frequência de distúrbios gastrointestinais, incluindo-se disbiose, é maior em pacientes com enxaqueca em comparação com a população em geral. Entre as abordagens nutroterápicas mencionadas, potencialmente benéficas, incluem-se consumo adequado de fibra, menor índice glicêmico, suplementação com vitamina D, ômega-3 e probióticos, bem como planos alimentares para perda de peso no caso de sobrepeso e obesidade (Arzani et al, 2020).

Os mecanismos postulados envolvem a inflamação crônica e mediadores inflamatórios de origem intestinal, associados à disbiose e microbiota patobiôntica (Cámara-Lemarroy C R et al, 2016).

 

CONCLUSÃO

Enfim, acumulam-se evidências apontando a uma associação potencial entre a microbiota do hospedeiro e a neuroinflamação, que reúne diferentes patologias como Alzheimer, Parkinson e outras, seja diretamente devido à invasão cerebral por bactérias provenientes da barreira intestinal permeável e liberação de toxinas pró-inflamatórias, ou indiretamente através da modulação de mecanismos imunes (González-Sanmiguel J et al, 2020).

 

REFERÊNCIAS

Adak  A,   KhanMR, An insight into gut microbiota and its functionalities. Cell Mol Life Sci 2019 Feb;76(3):473-493.

Aleman R S, Marvin MoncadaKayanush J Aryana. Leaky Gut and the Ingredients That Help Treat It: A Review. Molecules, 2023 Jan 7;28(2):619.

Arzani et al. Gut-brain Axis and migraine headache: a comprehensive review. The Journal of Headache and Pain (2020) 21:15.

Cámara-Lemarroy C R et al. Gastrointestinal disorders associated with migraine: A comprehensive review. World J Gastroenterol 2016 September 28; 22(36): 8149-8160

Fan Y, Pedersen O. Gut microbiota in human metabolic health and disease. Nat Rev Microbiol 2021 Jan;19(1):55-71.

González-Sanmiguel J et al, Complex Interaction between Resident Microbiota and Misfolded Proteins: Role in Neuroinflammation and Neurodegeneration. Cells, 2020 Nov 13;9(11):2476.

Katayoun KhoshbinMichael Camilleri Effects of dietary components on intestinal permeability in health and disease Am J Physiol Gastrointest Liver Physiol 2020 Nov 1;319(5):G589-G608.

Kesika P  et al. Role of gut-brain axis, gut microbial composition, and probiotic intervention in Alzheimer’s disease. Life Sci 2021 Jan 1;264:118627.

 

Nielsen S D et al. The link between the gut microbiota and Parkinson’s Disease: A systematic mechanism review with focus on α-synuclein transport. Brain Res 2021, Aug 6;147609.

 

Tilg H et al The intestinal microbiota fuelling metabolic inflammation.

Nat Rev Immunol. 2020 Jan;20(1):40-54.

Tran N et al. The gut-brain relationship: Investigating the effect of multispecies probiotics on anxiety in a randomized placebo-controlled trial of healthy young adults. J Affect Disord. 2019 Jun 1;252:271-277.

Trichka J,  Zou W Q Modulation of Neuroinflammation by the Gut Microbiota in Prion and Prion-Like Diseases. Pathogens, 2021 Jul 13;10(7):887.

 

Vascellari et al. Gut Microbiota and Metabolome Alterations Associated with Parkinson’s Disease. 2020 Sep 15;5(5):e00561-20.

 

Vemuri, R et al. Gut Microbial Changes, Interactions, and Their Implications on Human Lifecycle: An Ageing Perspective R. Biomed Res Int 2018 Feb 26;2018:4178607.

Xiaoyan Liu at al. Correlation between the gut microbiome and neurodegenerative diseases: a review of metagenomics evidence, Neural Regen Res, 2024 Apr;19(4):833-845

MEDICAMENTOS PARA EMAGRECER – OZEMPIC, MONJAURO E OUTROS

Dr Daniel S F Boarim MD – Diretor clínico

Conteúdo para médicos

Antes de começar essa review rápida e informal, quero lembrar com toda ênfase possível, aquilo que pressuponho  vocês já saibam, de que nenhum tratamento farmacológico é eficaz sem mudanças sustentáveis no estilo de vida. As medidas do estilo de vida estão SEMPRE na base da pirâmide. Depois vem a abordagem farmacológica, e finalmente as cirurgias bariátricas/metabólicas. 

Percebo que “Ozempic”, de tanto que vem sendo prescrito, algumas vezes, na minha opinião, inadequadamente, quase se tornou, popularmente, um “termo genérico” para medicamentos análogos do GLP-1, incluindo medicamentos como Wegovy, Mounjaro e Zepbound, que – vale apena lembrar – têm algumas distinções importantes.

De acordo com a regulamentação neste momento, Ozempic, embora todos indiquemos para emagrecer (off label), até recentemente não estava aprovado para perda de peso. Mas isso pode mudar a qualquer momento. Outra droga, o Mounjaro, também não. Esses dois são aprovados para diabetes. Embora ambos sejam bastante prescritos e usados OFF LABEL para a perda de peso. A maioria de nós prescreve, havendo aqui apenas um detalhe de regulação, que explico adiante.  

Já o Wegovy e Zepbound foram desenvolvidos com foco em obesidade ou sobrepeso, ou quando há sobreposta outra condição relacionada ao excesso de peso, como hipertensão, DSLP, diabetes, etc.

Sobre os efeitos colaterais de todas essas drogas, incluem-se principalmente distúrbios gastrointestinais, e por isso (opinião minha) acredito que possam, ao longo do tempo, afetar adversamente a microbiota pelos seus efeitos na motilidade. Certamente precisamos de mais estudos sobre isso, mas é inegável que obviamente o benefício do emagrecimento, quando se impõe, acabará em muitos casos compensando esse possível risco.

 

WEGOVY  X  OZEMPIC

Ambos fabricados pela Novo Nordisk. Vamos entender as diferenças.

O Wegovy foi aprovada no começo de 2023, pela Anvisa. O princípio ativo é a semaglutida, o mesmo do Ozempic. Porém, na regulamentação, o Ozempic é indicado para o tratamento de diabetes tipo 2, e usado off label (até essa data), como foi dito, para obesidade.

E qual é a diferença em relação ao Ozempic? Há pelo menos duas: (1) DOSAGEM. O Wegovy chega até 2,4mg na ‘canetinha’, enquanto o Ozempic a dosagem máxima é 1 mg. Ambos são aplicados semanalmente. O Ozempic foi aprovado pelo FDA para diabetes tipo 2 em doses de 0,5 mg e 1 mg em 2017, e numa dose de 2 mg em 2022.

O FDA aprovou Wegovy em doses injetáveis maiores – de 2,4 mg uma vez por semana em 2022.

(2) As ferramentas de administração são um pouco diferentes. A injeção de Wegovy é administrada através de uma caneta descartável de uso único. Já as canetas do Ozempic permitem vários usos. 

Originalmentre, o Wegovy foi aprovado para um IMC de 30 ou mais, e IMC de 27 ou mais (sobrepeso) desde que haja uma condição relacionada ao peso, como hipertensão ou diabetes.

Mas na prática tem um monte de gente tomando por conta própria, até na faixa normal de peso, e muitos colegas receitando “a rodo”. Um modismo e imediatismo. Como disse acima, nada, nada mesmo, substitui a mudança de comportamento, e esses medicamentos vieram também para apoiar essa mudança, pois ajudam o compulsivo, o beliscador, o glutão e o desregrado a comerem menos e a reordenarem seus hábitos. Mas não para serem usados indiscriminadamente, e pior ainda, sem orientação médica.

Voltando ao famoso Wegovy, li uma pesquisa que durou 68 semanas envolvendo quase 2.000 pessoas que tomaram a dose de 2,4 mg de Wegovy e que perderam cerca de 15% do peso corporal. Resultado muito bom!

Já esses benefícios sugeridos podem ser aplicados ao Ozempic também, mesmo que numa proporção menor, pela limitação de dose a 1 mg? Decerto sim, mas tem a questão de regulação legal.

Em contrapartida – e isso é importante para nós – outro ensaio publicado em 2022 sugeriu que as pessoas que pararam de usar semaglutida nas doses de 2,4 mg do Wegovy, recuperaram dois terços do peso perdido em um ano (dois terços do peso!). Veja bem, se não houver mudança de comportamento para valer, O PESO VOLTA MESMO COM A MELHOR DAS DROGAS!

Outro paper interessante é de um estudo divulgado pela Novo Nordisk, duplo-cego, sobre resultados cardiovasculares, denominado SELECT, que foi encomendado em agosto de 2023 (considere-se o conflito de interesses). Incluiu mais de 17.000 adultos com 45 anos ou mais, com sobrepeso ou obesidade, e tinham doença cardiovascular estabelecida, mas sem histórico de diabetes. Os resultados foram muito divulgados no mundo inteiro através de congressos e publicações, e mostraram uma redução significativa do risco de eventos cardiovasculares adversos maiores (MACE) por até cinco anos. Outros estudos anteriores já haviam sugerido benefícios cardiovasculares relacionados às incretinas, de modo que há dezenas de papers apontando nessa direção.

 

MOUNJAURO X ZEPBOUND (Tirzepatide)

O Mounjaro e o Zepbound são fabricados pela Eli Lily. Bem parecido com o que acontece com o Ozempic e o Wegovy da Novo Nordisk, o Mounjauro foi aprovado para diabetes tipo 2 em 2022, e o Zepbound para a perda de peso em 8 de novembro de 2023.

E semelhantemente ao Wegovy, os indivíduos que se qualificam para fazer o Zepbound devem atender aos seguintes critérios: Um índice de massa corporal (IMC) de 30 ou maior (obesidade), e IMC de 27 ou mais (sobrepeso) mais uma condição relacionada ao peso, como dislipidemia, diabetes, HAS.

Porém, ao contrário de Ozempic e Wegovy, essencialmente não há diferença entre Mounjaro e Zepbound além do nome comercial.

Mas os princípios ativos semaglutida e tirzepatida não são a mesma coisa.

A tirzepatida age num receptor do polipeptídeo insulinotrópico dependente de glicose (GIP) e também como agonista do receptor GLP-1. Um efeito dual. E ambos são hormônios da saciedade produzidos naturalmente pelo intestino, da classe das incretinas, mas aqui alterados molecularmente para uma vida últil bem mais longa, mantendo uma ação prolongada de vários dias. Por isso a posologia semanal, bem confortável.

Em todos os casos, potencializa-se a sensação de saciedade e ocorre retardo no esvaziamento gástrico, o que diminui a ingesta total de comida na refeição, ajudando no controle das porções. Mas, podendo gerar os efeitos colaterais de que falamos, principalmente náusea. E quanto mais intenso esse desconforto a predição de efeito positivo talvez seja maior. Por mais lógica que pareça essa associação, afirmar isso pede mais estudos. Por outro lado, essa colateralidade é muito desagradável e acaba sendo um limitante em alguns casos, pedindo associação de drogas anti-eméticas como o ondansetrona, ou em casos mais severos, até a suspensão da droga.

A Eli Lily encomendou duas pesquisas, a SURMOUNT-3 e SURMOUNT-4, que indicaram perda de peso de 26,6% num período de 84 semanas (0,317/semana), o que é mais do que os 15% que as pessoas perderam usando Wegovy em um período mais curto de 68 semanas (0,22/semana). Existe também a possibilidade de se tomar uma dose semanal mais elevada.

O Mounjaro é administrado de modo semelhante às outras drogas, através de injeção subcutânea, uma vez por semana, por meio de uma caneta injetora descartável de uso único. A dose inicial é de 2,5 mg, aumentando em 2,5 mg a cada quatro semanas até atingir a dose final de 15 mg, ou a dose máxima tolerada.

Há ensaios que apontam à tirzepatida como a “melhor tolerada”. Mas é preciso levar em conta a ferrenha disputa entre as marcas. São necessários estudos adicionais para afirmarmos isso.

Imaginem só, uma perda de peso mais significativa e o potencial para menos efeitos colaterais, podem fazer com que a tirzepatida se torne em pouco tempo a melhor opção! Mas, reforço, ainda é cedo para se dizer algo assim em base conclusiva.

Por fim, estamos apenas começando nosso aprendizado sobre esses medicamentos, e o tempo é o melhor juiz, como já aconteceu com muitas drogas, que ao serem lançadas, eram a coqueluche do momento, mas anos depois, chegaram a ser proibidas por efeitos não observados nos ensaios iniciais.

 

VALE SEMPRE REFORÇAR QUE…

Tanto para a semaglutida como a tirzepatida os ensaios tiveram o bom senso de afirmar que os  benefícios da perda de peso ocorreram em conjunto com outras mudanças no estilo de vida, como dieta e exercício.

 

Referências

Kraftson,  Griauzde, What Should I Know About Injectable Weight-Loss Medications? JAMA Internal Medicine Patient Page, March 11, 2024.

Garvey W Timothy, Tirzepatide once weekly for the treatment of obesity in people with type 2 diabetes (SURMOUNT-2): a double-blind, randomised, multicentre, placebo-controlled, phase 3 trial. Lancet, 2023 Aug 19;402(10402):613-626.

Wadden Thomas A  , Tirzepatide after intensive lifestyle intervention in adults with overweight or obesity: the SURMOUNT-3 phase 3 trial, Nat Med 2023 Nov;29(11):2909-2918.

 

 

ENGLISH

Lapinha medical knowledge – for doctors 05/28/2024

WEIGHT LOSS MEDICINES – OZEMPIC, WEGOVY AND OTHERS

Dr Daniel S F Boarim, MD – Clinical Director

Content for doctors

Before starting this quick and informal review, I want to remind you, as emphatically as possible, of what I assume you already know, which is that no pharmacological treatment is effective without sustainable changes in your lifestyle. Lifestyle measurements are ALWAYS at the base of the pyramid. Then comes the pharmacological approach, and finally bariatric/metabolic surgeries. 

I realize that “Ozempic”, as it has been prescribed so much, sometimes, in my opinion, inappropriately, has almost become, popularly, a “generic term” for GLP-1 analogue medicines, including Wegovy, Mounjaro and Zepbound, which – let it be said with emphasis – have some important distinctions.

According to the regulations at the moment (in Brazil), Ozempic, although we all recommend it for weight loss (off label), until recently was not approved for weight loss. But this could change at any time. Neither does another drug, Mounjaro. These two are approved for diabetes. Although both are widely prescribed and used OFF LABEL for weight loss. Most of us prescribe, there being only one regulatory detail here, which I explain below. 

Wegovy and Zepbound were developed with a focus on obesity or overweight, or when there is another condition related to excess weight, such as hypertension, DSLP, diabetes, etc.

The side effects of all these drugs mainly include gastrointestinal disorders, and therefore (my opinion) I believe that they can, over time, adversely affect the microbiota due to their effects on motility. We certainly need more studies on this, but it is undeniable that the benefit of weight loss, when necessary, will in many cases end up offsetting this possible risk.

 

WEGOVY

Both manufactured by Novo Nordisk. Let’s understand the differences.

Wegovy was approved at the beginning of 2023, by Anvisa. The active ingredient is semaglutide, the same as Ozempic. However, in regulations, Ozempic is indicated for the treatment of type 2 diabetes, and used off-label (until this date), as mentioned, for obesity.

And what is the difference compared to Ozempic? There are at least two: (1) DOSAGE. Wegovy reaches up to 2.4 mg in the ‘pen’, while Ozempic the maximum dosage is 1 mg. Both are applied weekly. Ozempic was approved by the FDA for type 2 diabetes in doses of 0.5 mg and 1 mg in 2017, and in a dose of 2 mg in 2022.

The FDA approved Wegovy in higher injectable doses – 2.4 mg once weekly in 2022.

(2) The administration tools are a little different. Wegovy injection is administered via a single-use disposable pen. Ozempic pens allow for multiple uses. 

Originally, Wegovy was approved for a BMI of 30 or more, and a BMI of 27 or more (overweight) as long as there is a weight-related condition such as hypertension or diabetes.

But in practice, there are a lot of people taking it on their own, even in the normal weight range, and many colleagues prescribing it “by accident”. A fad and immediacy. As I said above, nothing, absolutely nothing, replaces a change in behavior, and these medications also came to support this change, as they help the compulsive, the picky, the gluttonous and the unruly to eat less and reorganize their habits. But not to be used indiscriminately, and even worse, without medical advice.

Returning to the famous Wegovy, I read a research that lasted 68 weeks involving almost 2,000 people who took the 2.4 mg dose of Wegovy and lost around 15% of their body weight. Very good result!

Can these suggested benefits be applied to Ozempic as well, even if to a lesser extent, due to the dose limitation of 1 mg? Of course yes, but there is the issue of legal regulation.

In contrast – and this is important to us – another trial published in 2022 suggested that people who stopped using semaglutide at Wegovy’s 2.4 mg doses gained back two-thirds of the weight lost in a year (two-thirds of the weight!) . You see, if there is no real change in behavior, THE WEIGHT COMES BACK EVEN WITH THE BEST OF DRUGS!

Another interesting paper is from a double-blind study released by Novo Nordisk on cardiovascular outcomes, called SELECT, which was commissioned in August 2023 (consider the conflict of interest). It included more than 17,000 adults aged 45 and over who were overweight or obese and had established cardiovascular disease but no history of diabetes. The results were widely publicized throughout the world through congresses and publications, and showed a significant reduction in the risk of major adverse cardiovascular events (MACE) for up to five years. Other previous studies had already suggested cardiovascular benefits related to incretins, so there are dozens of papers pointing in this direction.

 

MOUNJAURO X ZEPBOUND (Tirzepatide)

Mounjaro and Zepbound are manufactured by Eli Lily. Much like Novo Nordisk’s Ozempic and Wegovy, Mounjauro was approved for type 2 diabetes in 2022, and Zepbound for weight loss on November 8, 2023.

And similar to Wegovy, individuals qualifying to take Zepbound must meet the following criteria: A body mass index (BMI) of 30 or greater (obesity), and BMI of 27 or greater (overweight) plus a weight-related condition , such as dyslipidemia, diabetes, hypertension.

However, unlike Ozempic and Wegovy, there is essentially no difference between Mounjaro and Zepbound other than the trade name.

But the active ingredients semaglutide and tirzepatide are not the same thing.

Tirzepatide acts on a glucose-dependent insulinotropic polypeptide (GIP) receptor and also as a GLP-1 receptor agonist. A dual effect. And both are satiety hormones naturally produced by the intestine, from the incretin class, but here molecularly altered for a much longer lifespan, maintaining a prolonged action of several days. That’s why the weekly dosage is very comfortable.

In all cases, the feeling of satiety increases and there is a delay in gastric emptying, which reduces the total food intake during the meal, helping with portion control. But, it can generate the side effects we talked about, mainly nausea. And the more intense this discomfort, the prediction of a positive effect may be greater. As logical as this association may seem, stating this requires further studies. On the other hand, this collaterality is very unpleasant and ends up being limiting in some cases, requiring a combination of anti-emetic drugs such as ondansetron, or in more severe cases, even discontinuation of the drug.

Eli Lily commissioned two surveys, SURMOUNT-3 and SURMOUNT-4, which indicated 26.6% weight loss over an 84-week period (0.317/week), which is more than the 15% people lost using Wegovy over a shorter period of 68 weeks (0.22/week). There is also the possibility of taking a higher weekly dose.

Mounjaro is administered in a similar way to other drugs, through subcutaneous injection, once a week, using a single-use disposable injector pen. The initial dose is 2.5 mg, increasing by 2.5 mg every four weeks until reaching the final dose of 15 mg, or the maximum tolerated dose.

There are trials that point to tirzepatide as the “best tolerated”. But it is necessary to take into account the fierce dispute between brands. Additional studies are needed to confirm this.

Just imagine, more significant weight loss and the potential for fewer side effects could make tirzepatide the best option in no time! But, I emphasize, it is still too early to say something like that on a conclusive basis.

Finally, we are just beginning to learn about these medications, and time is the best judge, as has happened with many drugs, which when launched, were the buzzword of the moment, but years later, were banned due to unobserved effects. in initial trials.

 

IT IS ALWAYS WORTH REINFORCEMENT THAT…

For both semaglutide and tirzepatide the trials had the good sense to state that the weight loss benefits occurred in conjunction with other lifestyle changes such as diet and exercise.

 

References

Kraftson, Griauzde, What Should I Know About Injectable Weight-Loss Medications? JAMA Internal Medicine Patient Page, March 11, 2024.

Garvey W Timothy, Tirzepatide once weekly for the treatment of obesity in people with type 2 diabetes (SURMOUNT-2): a double-blind, randomized, multicenter, placebo-controlled, phase 3 trial. Lancet, 2023 Aug 19;402(10402):613-626.

Wadden Thomas A, Tirzepatide after intensive lifestyle intervention in adults with overweight or obesity: the SURMOUNT-3 phase 3 trial, Nat Med 2023 Nov;29(11):2909-2918.

Receba nosso conteúdo

Tenha acesso em primeira mão às nossas novidades e programações especiais

A Lapinha se compromete em proteger e respeitar sua privacidade. Usaremos suas informações pessoais apenas para administrar sua conta e fornecer os produtos e serviços que você nos solicitou. Ocasionalmente, gostaríamos de entrar em contato sobre nossas ofertas, bem como sobre outros conteúdos que possam ser de seu interesse. Você pode optar por desinscrever-se de nosso mailing a qualquer momento.

Lar Lapeano de Saúde LTDA - CNPJ 75.189.597/0001-63. Todos os direitos reservados.