A INATIVIDADE FÍSICA COMO IMPORTANTE CAUSA DE MORTALIDADE

 

 

Dr. Rafael Marchetti, cardiologista, pós-graduado em Medicina do Exercício e do Esporte, certificado em Medicina do Estilo de Vida pelo IBLM, International Board of Lifestyle Medicine.

 

Introdução

Hoje, exploramos um tema crucial para a saúde pública: a inatividade física. O artigo intitulado “Physical inactivity: the biggest public health problem of the 21st century”, escrito por Steven N Blair e publicado no British Journal of Sports Medicine, lança luz sobre a importância vital da atividade física em nossas vidas.

 

Objetivo do Artigo

O objetivo principal deste estudo é destacar a inatividade física como um dos maiores desafios de saúde pública do século XXI, sublinhando a necessidade urgente de promover a atividade física regular para melhorar a saúde global.

 

Principais Resultados

O artigo revela dados alarmantes sobre a inatividade física, mostrando que ela é responsável por aproximadamente 16% de todas as mortes, tanto em homens quanto em mulheres, dentro da população estudada. Notavelmente, a baixa aptidão cardiorrespiratória é um fator de risco significativo, superando outros fatores de risco, como a hipertensão, especialmente em homens. Além disso, há fortes evidências emergentes de que a atividade física atrasa o declínio cognitivo e é benéfica para a saúde do cérebro, além de ter extensos benefícios para o resto do corpo.

 

Interpretação e Aplicação Prática

Os resultados deste estudo são um chamado à ação para todos nós. Para aqueles que são sedentários, o importante é começar, mesmo que seja com caminhadas de 10 minutos, de intensidade leve a moderada, onde se consiga falar, mas não cantar, durante o esforço. Essas pequenas mudanças podem reduzir significativamente o risco de doenças crônicas e melhorar a qualidade de vida.

Se você possui alguma condição crônica, como hipertensão ou diabetes, é essencial consultar seu médico antes de iniciar qualquer programa de exercícios. No entanto, atividades de leve intensidade costumam ser seguras e recomendadas para a maioria das pessoas, proporcionando um ponto de partida seguro para melhorar a saúde.

 

Conclusão e Motivação

A mensagem é clara: a atividade física regular é essencial não apenas para o controle do peso, mas também para a saúde geral, independentemente de perda de peso. Convido você a refletir sobre como pode integrar mais movimento em seu dia a dia. Cada passo conta e é um investimento em sua saúde futura. Lembre-se, a escolha é sua, e cada pequeno esforço faz uma diferença significativa.

 

Citação Técnica

Blair, S. N. (2009). Physical inactivity: the biggest public health problem of the 21st century. British Journal of Sports Medicine, 43(1), 1-2.

 

DIETAS QUE PROVOCAM O ABOMINÁVEL EFEITO SANFONA

 

Dr Daniel S F Boarim, MD, Diretor Clínico da Lapinha

 

Um dos maiores mitos do emagrecimento é que, quanto mais severa a restrição calórica, mais eficaz é a dieta. Leia com atenção esse resumo, e sua opinião certamente vai mudar completamente.

 

A “matemática” da perda de peso

 

Para ganhar um quilo, você precisa ingerir, ao longo do tempo, 7.700 kcal mais do que gasta, e para emagrecer, é só inverter a conta, comer menos e queimar mais, e quando o total da diferença chegar em 7.770 kcal, terá perdido um quilo.

Teoricamente, uma dieta hipocalórica em que se consiga uma diferença ente gasto e queima de 1.000 kcal/dia, vai pedir pouco mais de uma semana para o ponteiro da balança mostrar um quilo de perda real. E quando falamos em “perda real”, referimo-nos à queima de estoques, e não às flutuações de líquidos, que podem mascarar os resultados para mais ou para menos.

Mas para quem está desesperado para entrar novamente na roupa de alguns verões atrás, esse ritmo parece cruelmente lento. Quase todos se esquecem que os muitos quilos vieram ao longo de meses, anos, e que não é sensato esperar soluções rápidas de alguns dias.

Para encurtar o caminho, então, qual a “magia” das loucuras? Dietas de fome e muita malhação. Alguns apelam para as famosas “low carb diets” (ler artigo nessa biblioteca sobre proteína: emagrece ou inflama?).

 

O efeito “rebote”

 

“Bem-vindo” à experiência do efeito sanfona! Dietas muito restritivas podem causar um efeito rebote devido a várias adaptações fisiológicas e comportamentais que ocorrem em resposta à restrição calórica severa.

Primeiramente, a restrição calórica pode levar a alterações nos hormônios que regulam o apetite. Estudos mostram que a perda de peso induzida por dieta aumenta os níveis de grelina, um hormônio orexigênico, e diminui os níveis de leptina, um hormônio anorexigênico, resultando em aumento da fome e do apetite.[1-2] Essas alterações hormonais persistem a longo prazo, mesmo após a perda de peso inicial, contribuindo para o aumento do apetite e a recuperação do peso.[3]

 

O metabolismo entende que você está num deserto

 

O metabolismo “se defende” contra a privação exagerada da dieta, entende que você está sob privação, à mingua, num deserto, e dispara o modo “gaste menos e armazene mais” para garantir a sobrevivência.  O resultado fatal é o ganho progressivo de peso, com cada vez mais dificuldade de perder e mais ainda de manter a perda.

Além disso, a restrição calórica pode levar a uma redução no gasto energético basal, um fenômeno conhecido como adaptação metabólica. Após a perda de peso, o gasto energético em repouso é menor do que o esperado com base na nova composição corporal, o que facilita a recuperação do peso quando a ingestão calórica é aumentada.[4] E se não houver mudança visceral de comportamento, começa aqui o ciclo vicioso de comer cada vez mais para gastar cada vez menos.

 

Compulsão alimentar disparada por dieta muito hipocalórica

 

Outra variável importante é a resposta comportamental à restrição alimentar. A restrição severa pode aumentar a suscetibilidade a episódios de compulsão alimentar, entre outros transtornos alimentares, especialmente em situações que desafiam o autocontrole, como estresse ou exposição a alimentos altamente palatáveis.[5] E o que não falta são comidas viciantes, ultraprocessadas e super calóricas. Chocolate, guloseimas, salgadinhos, bebidas alcoólicas e massas acenam o tempo todo com seu quase irresistível apelo.

 

Microbiota do intestino prejudicada por dietas muito restritas caloricamente

 

A microbiota intestinal também pode desempenhar um papel crucial na recuperação do peso. Alterações na composição da microbiota intestinal durante a restrição calórica podem afetar o metabolismo e a absorção de nutrientes, contribuindo para o ganho de peso após a retomada da alimentação normocalórica ou cessação da dieta restritiva. Aqui mora uma novidade muito interessante, pois sabemos que a microbiota exerce um controle sobre o metabolismo muito maior do que imaginávamos há poucas décadas atrás. [6]

 

Enfim, qual é a receita do emagrecimento sustentável?  

 

A receita cientificamente embasada para emagrecer de modo eficaz e sustentado é bem conhecida e não mudou quase nada em décadas de pesquisa. Certamente hoje sabemos mais sobre a contribuição genética e o papel da ansiedade no comportamento alimentar humano e o poder viciante de certas comidas.  Mas, qualquer protocolo sério, invariavelmente se estriba em três pilares: (1) dieta saudável, com leve a moderada restrição calórica (você não precisa nem deve passar fome!), (2) exercícios balanceados e orientados (veja bem: os exercícios devem sincronizar atividades aeróbicas com musculação e alongamento). (3) Seguimento de longo prazo com equipe multidisciplinar para alavancagem motivacional, correções, ajustes e permitir que as mudanças sejam de fato incorporadas e virem rotina.

Enfim, voltamos ao lugar comum de que não existe fórmula mágica. A mudança de comportamento requer foco, disciplina e perseverança! O que pode fazer a diferença aqui não é  tanto o que fazemos, mas o modo como fazemos. A intensidade, a vontade e a determinação com que nos entregamos ao propósito. Meias medidas e iniciativas débeis, esporádicas ou espasmódicas nunca terão força suficiente para avançar!

 

Resumindo

 

Esses três fatores combinados: (1) Adaptação fisiológica à fome, levando o organismo a gastar menos e desejar mais comida, (2) resposta comportamental, com exacerbação de episódios compulsivos e (3) mudança da microbiota, explicam por que dietas muito restritivas frequentemente resultam em um efeito rebote, onde o peso perdido é recuperado rapidamente após o término da dieta, com ganhos ainda maiores. Por isso também, convivemos com números assustadores da pandemia de obesidade.

 

 

Referências

 

  1. Calorie-Restricted Weight Loss Reverses High-Fat Diet-Induced Ghrelin Resistance, Which Contributes to Rebound Weight Gain in a Ghrelin-Dependent Manner.Briggs DI, Lockie SH, Wu Q, et al. Endocrinology. 2013;154(2):709-17. doi:10.1210/en.2012-1421.
  2. Altered Appetite-Mediating Hormone Concentrations Precede Compensatory Overeating After Severe, Short-Term Energy Deprivation in Healthy Adults. O’Connor KL, Scisco JL, Smith TJ, et al. The Journal of Nutrition. 2016;146(2):209-17. doi:10.3945/jn.115.217976.
  1. Long-Term Persistence of Hormonal Adaptations to Weight Loss. Sumithran P, Prendergast LA, Delbridge E, et al. The New England Journal of Medicine. 2011;365(17):1597-604. doi:10.1056/NEJMoa1105816.
  2. Mechanisms of Weight Regain.Busetto L, Bettini S, Makaronidis J, et al.European Journal of Internal Medicine. 2021;93:3-7. doi:10.1016/j.ejim.2021.01.002.
  3. The Ironic Effects of Dietary Restraint in Situations That Undermine Self-Regulation.Hagerman CJ, Stock ML, Beekman JB, Yeung EW, Persky S. Eating Behaviors. 2021;43:101579. doi:10.1016/j.eatbeh.2021.101579.
  4. Gut Microbiota-Bile Acid Crosstalk Contributes to the Rebound Weight Gain After Calorie Restriction in Mice. Li M, Wang S, Li Y, et al. Nature Communications. 2022;13(1):2060. doi:10.1038/s41467-022-29589-7.

 

ENGLISH

 

DIETS THAT CAUSE THE ABOMINABLE YO-YO EFFECT

 

Dr Daniel S F Boarim, MD, Clinical Director of Lapinha

 

One of the biggest myths about weight loss is that the more severe the calorie restriction, the more effective the diet. Read this summary carefully, and your opinion will certainly change completely.

 

The “mathematics” of weight loss

 

To gain one kilo, you need to consume, over time, 7,700 kcal more than you expend, and to lose weight, just reverse the calculation, eat less and burn more, and when the total difference reaches 7,770 kcal, you will have lost one kilo.

Theoretically, a low-calorie diet in which you achieve a difference between expenditure and burning of 1,000 kcal/day, will take a little over a week for the scale to show a real loss of one kilo. And when we talk about “real weight loss,” we are referring to the burning of stocks, not to the fluctuations in fluids, which can mask the results, either more or less.

But for those who are desperate to get back into the clothes they wore a few summers ago, this pace seems cruelly slow. Almost everyone forgets that the many pounds have come on over months, years, and that it is not sensible to expect quick solutions in a few days.

So, to shorten the path, what is the magic? Starvation diets and lots of exercise. Some resort to the famous “low carb diets” (read the article in this library about protein: does it make you lose weight or cause inflammation?).

 

The “rebound” effect

 

Welcome to the yo-yo effect experience! Very restrictive diets can cause a rebound effect due to several physiological and behavioral adaptations that occur in response to severe calorie restriction.

Firstly, calorie restriction can lead to changes in the hormones that regulate appetite. Studies show that diet-induced weight loss increases levels of ghrelin, an orexigenic hormone, and decreases levels of leptin, an anorexigenic hormone, resulting in increased hunger and appetite.[1-2] These hormonal changes persist long-term, even after initial weight loss, contributing to increased appetite and weight regain.[3]

 

Your metabolism understands that you are in a desert

 

Your metabolism “defends itself” against excessive dietary deprivation, understanding that you are under deprivation, starving, in a desert, and triggers the “spend less and store more” mode to ensure survival. The fatal result is progressive weight gain, with increasing difficulty in losing and even more difficult to maintain the loss.

In addition, calorie restriction can lead to a reduction in basal energy expenditure, a phenomenon known as metabolic adaptation. After weight loss, resting energy expenditure is lower than expected based on the new body composition, which makes it easier to regain the weight when caloric intake is increased.[4] And if there is no visceral change in behavior, this is where the vicious cycle of eating more and more to burn less and less begins.

 

Binge eating triggers during periods of dieting

 

Another important variable is the behavioral response to food restriction. Severe restriction can increase susceptibility to binge eating episodes, among other eating disorders, especially in situations that challenge self-control, such as stress or exposure to highly palatable foods.[5] And there is no shortage of addictive, ultra-processed, and high-calorie foods. Chocolate, sweets, snacks, alcoholic beverages, and pasta beckon all the time with their almost irresistible appeal.

 

Gut microbiota impaired by very calorie-restricted diets

 

Finally, the gut microbiota may also play a role in weight regain. Changes in the composition of the intestinal microbiota during calorie restriction can affect metabolism and nutrient absorption, contributing to weight gain after resuming a normal diet.[6]

 

And what is the recipe for sustainable weight loss?

 

The scientifically based recipe for effective and sustained weight loss is based, in simple terms, on three pillars: (1) a healthy diet with mild to moderate calorie restriction (you don’t need to go hungry), (2) balanced and guided exercise. (3) Long-term follow-up with a multidisciplinary team so that the changes are actually incorporated and become routine. There is no magic formula. Changing behavior requires focus, discipline and perseverance!

 

In summary

 

These three factors combined: (1) physiological adaptation to hunger, leading the body to spend less and desire more food, (2) behavioral response, with exacerbation of binge eating episodes, and (3) changes in the microbiota, explain why very restrictive diets often result in a rebound effect, where the lost weight is quickly regained after the diet ends, with even greater gains.

 

 

References

 

  1. Calorie-Restricted Weight Loss Reverses High-Fat Diet-Induced Ghrelin Resistance, Which Contributes to Rebound Weight Gain in a Ghrelin-Dependent Manner.Briggs DI, Lockie SH, Wu Q, et al. Endocrinology. 2013;154(2):709-17. doi:10.1210/en.2012-1421.
  2. Altered Appetite-Mediating Hormone Concentrations Precede Compensatory Overeating After Severe, Short-Term Energy Deprivation in Healthy Adults. O’Connor KL, Scisco JL, Smith TJ, et al. The Journal of Nutrition. 2016;146(2):209-17. doi:10.3945/jn.115.217976.
  1. Long-Term Persistence of Hormonal Adaptations to Weight Loss. Sumithran P, Prendergast LA, Delbridge E, et al. The New England Journal of Medicine. 2011;365(17):1597-604. doi:10.1056/NEJMoa1105816.
  2. Mechanisms of Weight Regain.Busetto L, Bettini S, Makaronidis J, et al.European Journal of Internal Medicine. 2021;93:3-7. doi:10.1016/j.ejim.2021.01.002.
  3. The Ironic Effects of Dietary Restraint in Situations That Undermine Self-Regulation.Hagerman CJ, Stock ML, Beekman JB, Yeung EW, Persky S. Eating Behaviors. 2021;43:101579. doi:10.1016/j.eatbeh.2021.101579.
  4. Gut Microbiota-Bile Acid Crosstalk Contributes to the Rebound Weight Gain After Calorie Restriction in Mice. Li M, Wang S, Li Y, et al. Nature Communications. 2022;13(1):2060. doi:10.1038/s41467-022-29589-7.

 

 

JEJUM INTERMITENTE – BENEFÍCIOS E INSANIDADES

 

JEJUM INTERMITENTE – MODISMO PERNICIOSO OU PRÁTICA SAUDÁVEL?

 

Dr Daniel S F Boarim, MD – Diretor médico da Lapinha

O jejum intermitente virou moda, e, como era de se esperar, acabou sendo vandalizado pelas mídias não científicas. Trata-se, na verdade, de um padrão alimentar fisiológico, natural, essencial, em que cada célula viva alterna períodos de jejum e alimentação. Comparável ao ciclo do sono e vigília. Da mesma maneira que o tempo do sono deve ser respeitado, sob pena de fadiga e adoecimento, o tempo de jejum não pode ser negligenciado. Entenda o que a ciência diz sobre isso, e como os modismos sem base científica vêm distorcendo esse conceito.

 

JEJUM INTERMITENTE É FISIOLÓGICO!

 

Nenhum organismo vivo se mantém saudável sem o jejum fisiológico. Isso é ponto pacífico, um fenômeno completamente natural. As controvérsias sobre o assunto vêm do tempo e da ritmicidade em que precisamos jejuar.
Para início de conversa, podemos didaticamente dividir o jejum intermitente em três categorias:

  1. Jejum entre as refeições ou interprandial – Ao contrário do que se ensina como um oráculo, uma pessoa saudável não deveria comer cada três horas, fazendo várias refeições ao dia, mas, em vez disso, observar um intervalo de aproximadamente 5 a 6 horas entre as refeições. O tempo necessário para o sistema digestivo e nutro-neuro-metabólico se recomporem. Claro que há exceções, em que alguém pode precisar comer com mais frequência.
  2. Jejum circadiano – Pelo menos 12 a 14 horas de jejum diário, que inclui o período do sono.
  3. Jejum semanal – Também chamado circaseptano, é o mais controvertido, porém de modo geral aceito como aplicável e até benéfico, principalmente para pessoas que estão acima do peso, e que toleram janelas alimentares de apenas 8, 6 horas ou menos (suprimindo-se uma refeição), uma, duas até três vezes na semana. São poucos os que toleram esse tipo de jejum, e a linha divisória entre a saúde e a desnutrição aqui é muito tênue! [1-3]

 

OS EXAGEROS E AS INSANIDADES

 

E então começam os exageros e as insanidades. Entre os piores mitos, está o de que quando você jejua, o metabolismo é capaz de “queimar” tudo, realizando um detox tão completo, que não importa o que você coma, o período de jejum vai “compensar” os piores abusos.

Outro absurdo é recomendar períodos longos e frequentes de jejum, sem a devida avaliação e um cuidadoso acompanhamento. O resultado pode ser desnutrição e perda de massa muscular, além do risco agudo de hipoglicemia, fraqueza, queda de pressão.

Mas quando ó jejum é corretamente indicado, e bem assistidos, pode ajudar a melhorar sua saúde.

 

BENEFÍCIOS À SAÚDE

 

Vários estudos demonstraram que o jejum intermitente bem conduzido pode ter vários efeitos promotores de saúde. Entre eles, pode levar à perda de peso, melhora da sensibilidade à insulina e redução nos níveis de glicose no sangue, ajudando a prevenir o diabetes. Também vem sendo associado a um melhor controle da pressão arterial e do colesterol no sangue. E não poucos estudos o associam à longevidade, pois nas blue zones, regiões do mundo de vida mais longa, as pessoas comem menos e, tradicionalmente,  passam períodos mais longos sem comer. E sem que se exponham ao risco de desnutrição.  O jejum intermitente também ativa as vias biológicas que induzem a autofagia, estimulando a renovação celular e retardando a senescência. Trocando em miúdos, é algo como um “rejuvenescimento” celular. [1-3]

 

COMO AGE O JEJUM INTERMITENTE

 

Os benefícios metabólicos do jejum intermitente estão diretamente ligados à microbiota do intestino e ao metabolismo, ao induzir ao queima de ácidos graxos em corpos cetônicos como o beta hidroxi-butirato. Há, então,z’ uma mudança sutil na composição do “combustível” usado pelo corpo, o que melhora a homeostase metabólica e reduz a inflamação. O jejum intermitente também ajuda a regular os ritmos circadianos e os níveis hormonais, o que ajuda a explicar seus benefícios.[2][4-5]

 

CONTRAINDICAÇÕES PARA O JEJUM INTERMITENTE

 

Há casos em que o jejum intermitente pode ser contraindicado, ou tenha uma indicação restrita, como na magreza, no diabetes dependente de insulina, na desnutrição, no alcoolismo, na drogadição,   para pacientes pós bariatrizados e em quadros psiquiátricos de transtornos alimentares, como bulimia, anorexia e ortorexia [1-2][6].

Em resumo, o jejum intermitente é uma abordagem dietética que alterna períodos de jejum com períodos de alimentação, oferecendo benefícios potenciais para o controle de peso e a saúde metabólica. No entanto, sua aplicação deve ser individualizada, considerando o estado geral de saúde do paciente e suas necessidades específicas.

 

O QUE COMER APÓS O JEJUM?

 

Desde que seu cardápio seja saudável e balanceado, não há uma receita especial de alimentos permitidos ou proibidos após o jejum diário fisiológico. Mas, no caso em que o jejum semanal mais longo é permitido, sem riscos à saúde, recomenda-se uma refeição com índice, carga e resposta glicêmica menores.

Na prática, isso quer dizer não consumir alimentos açucarados, sucos, refrigerantes, doces, chocolate, guloseimas, álcool e outras coisas consideradas “não saudáveis”. Pode ser uma refeição contendo cereal sempre integral, fontes de proteína (como ovo, tofu, etc.), vegetais cozidos no vapor, saladas mistas (com vegetais crus e cozidos) fontes de gorduras saudáveis como abacate, nozes, castanhas e/ou sementes. Pode-se também usar um pouco de leguminosa como lentilha, feijão, grão de bico e um lácteo magro como iogurte caso você não tenha intolerância. Se quiser usar uma fruta, é permitido, mas, apenas nessa refeição, em pequena quantidade.

 

REFERÊNCIAS

 

  1. The Health-Promoting Effects and the Mechanism of Intermittent Fasting. Liu S, Zeng M, Wan W, et al. Journal of Diabetes Research. 2023;2023:4038546.
  2. Intermittent Fasting and Metabolic Health. Vasim I, Majeed CN, DeBoer MD. 2022;14(3):631.
  3. Impact of Intermittent Fasting on Health and Disease Processes. Mattson MP, Longo VD, Harvie M. Ageing Research Reviews. 2017;39:46-58.
  4. Intermittent Fasting Regulates Metabolic Homeostasis and Improves Cardiovascular Health.Diab R, Dimachkie L, Zein O, Dakroub A, Eid AH. Cell Biochemistry and Biophysics. 2024;:10.1007/s12013-024-01314-9.
  5. A Detective Story of Intermittent Fasting Effect on Immunity. Ma RX. Immunology. 2024;.
  6. Intermittent Fasting Interventions to Leverage Metabolic and Circadian Mechanisms for Cancer Treatment and Supportive Care Outcomes. Kalam F, James DL, Li YR, et al. Journal of the National Cancer Institute. Monographs. 2023;2023(61):84-103.

 

ENGLISH

 

INTERMITTENT FASTING – BENEFITS AND INSANITIES

 

Dr Daniel S F Boarim, MD – Medical Director of Lapinha

 

Intermittent fasting has become fashionable and, as expected, has ended up being vandalized by non-scientific media. It is, in fact, a physiological, natural, and essential eating pattern in which each living cell alternates periods of fasting and eating. It is comparable to the sleep and wake cycle. In the same way that sleep time must be respected, under penalty of fatigue and illness, fasting time cannot be neglected. Understand what science says about this, and how trends without scientific basis have been distorting this concept.

 

INTERMITTENT FASTING IS PHYSIOLOGICAL!

 

No living organism remains healthy without physiological fasting. This is an established fact, a completely natural phenomenon. The controversies on the subject arise from the time and rhythm in which we need to fast. To begin with, we can didactically divide intermittent fasting into three categories:

Intermeal or interprandial fasting – Contrary to what is taught as an oracle, a healthy person should not eat every three hours, eating several meals a day, but instead observe an interval of approximately 5 to 6 hours between meals. The time needed for the digestive and nutri-neuro-metabolic systems to recover. Of course, there are exceptions, in which someone may need to eat more frequently.

Circadian fasting – At least 12 to 14 hours of daily fasting, which includes the sleep period.

Weekly fasting – Also called circaseptan, this is the most controversial, but generally accepted as applicable and even beneficial, especially for people who are overweight and who tolerate eating windows of only 8.6 hours or less (skipping a meal), once, twice or three times a week. Few people tolerate this type of fasting, and the dividing line between health and malnutrition here is very thin! [1-3]

 

EXAGGERATIONS AND INSANITIES

 

And then the exaggerations and insanities begin. Among the worst myths is that when you fast, your metabolism is capable of “burning” everything, performing a detox so complete that no matter what you eat, the fasting period will “compensate” for the worst abuses.

Another absurdity is to recommend long and frequent periods of fasting, without proper evaluation and careful monitoring. The result can be malnutrition and loss of muscle mass, in addition to the acute risk of hypoglycemia, weakness, and low blood pressure.

But when fasting is correctly indicated and well-supervised, it can help improve your health.

 

HEALTH BENEFITS

 

Several studies have shown that well-conducted intermittent fasting can have several health-promoting effects. Among them, it can lead to weight loss, improved insulin sensitivity and reduced blood glucose levels, helping to prevent diabetes. It has also been associated with better control of blood pressure and blood cholesterol. And many studies associate it with longevity, because in the blue zones, regions of the world with longer lifespans, people eat less and, traditionally, go longer periods without eating. And without exposing themselves to the risk of malnutrition. Intermittent fasting also activates the biological pathways that induce autophagy, stimulating cell renewal and delaying senescence. In short, it is something like cellular “rejuvenation.” [1-3]

 

HOW INTERMITTENT FASTING WORKS

 

The metabolic benefits of intermittent fasting are directly linked to the gut microbiota and metabolism, by inducing the burning of fatty acids into ketone bodies such as beta-hydroxybutyrate. There is then a subtle change in the composition of the “fuel” used by the body, which improves metabolic homeostasis and reduces inflammation. Intermittent fasting also helps regulate circadian rhythms and hormone levels, which helps explain its benefits.[2][4-5]

 

CONTRAINDICATIONS FOR INTERMITTENT FASTING

 

There are cases in which intermittent fasting may be contraindicated, or have a restricted indication, such as in thinness, insulin-dependent diabetes, malnutrition, alcoholism, drug addiction, post-bariatric patients and in psychiatric conditions of eating disorders, such as bulimia, anorexia and orthorexia [1-2][6].

In short, intermittent fasting is a dietary approach that alternates periods of fasting with periods of eating, offering potential benefits for weight control and metabolic health. However, its application should be individualized, considering the patient’s general health status and their specific needs.

 

WHAT TO EAT AFTER FASTING?

 

As long as your menu is healthy and balanced, there is no special recipe for foods that are allowed or prohibited after a daily physiological fast. However, in cases where a longer weekly fast is allowed, without health risks, a meal with a lower glycemic index, load and response is recommended.

In practice, this means not consuming sugary foods, juices, soft drinks, sweets, chocolate, treats, alcohol and other things considered “unhealthy”. It could be a meal containing whole grains, sources of protein (such as eggs, tofu, etc.), steamed vegetables, mixed salads (with raw and cooked vegetables) and sources of healthy fats such as avocado, nuts, chestnuts and/or seeds. You can also use some legumes such as lentils, beans, chickpeas and a low-fat dairy product such as yogurt if you are not intolerant. If you want to use fruit, it is allowed, but only in this meal, and in small quantities.

 

References

 

  1. The Health-Promoting Effects and the Mechanism of Intermittent Fasting. Liu S, Zeng M, Wan W, et al. Journal of Diabetes Research. 2023;2023:4038546.
  2. Intermittent Fasting and Metabolic Health. Vasim I, Majeed CN, DeBoer MD. 2022;14(3):631.
  3. Impact of Intermittent Fasting on Health and Disease Processes. Mattson MP, Longo VD, Harvie M. Ageing Research Reviews. 2017;39:46-58.
  4. Intermittent Fasting Regulates Metabolic Homeostasis and Improves Cardiovascular Health.Diab R, Dimachkie L, Zein O, Dakroub A, Eid AH. Cell Biochemistry and Biophysics. 2024;:10.1007/s12013-024-01314-9.
  5. A Detective Story of Intermittent Fasting Effect on Immunity. Ma RX. Immunology. 2024;.
  6. Intermittent Fasting Interventions to Leverage Metabolic and Circadian Mechanisms for Cancer Treatment and Supportive Care Outcomes. Kalam F, James DL, Li YR, et al. Journal of the National Cancer Institute. Monographs. 2023;2023(61):84-103.

Receba nosso conteúdo

Tenha acesso em primeira mão às nossas novidades e programações especiais

A Lapinha se compromete em proteger e respeitar sua privacidade. Usaremos suas informações pessoais apenas para administrar sua conta e fornecer os produtos e serviços que você nos solicitou. Ocasionalmente, gostaríamos de entrar em contato sobre nossas ofertas, bem como sobre outros conteúdos que possam ser de seu interesse. Você pode optar por desinscrever-se de nosso mailing a qualquer momento.

Lar Lapeano de Saúde LTDA - CNPJ 75.189.597/0001-63. Todos os direitos reservados.